sexta-feira, 3 de agosto de 2007

REFLEXÃO DA ALMA


Nada estilhaça mais a alma que uma traição.
É como se nos partissem o espelho da essência.
E não há cola para juntar os pedaços.
Por isto, vira e mexe, um corte se abre e o sangue jorra atordoado.
Seja nos pensamentos. Seja nos pesadelos.
Fecho este ano com um lacre de dores indescritíveis.
Quase todas as que tive
Na esperança simples, inocente e quase comovente
De pretender ser feliz.
Aos que me traíram, desejo apenas que não o façam com outras pessoas.
Aos que mentiram anos a fio, deitados em minha cama,
Espero que outras camas lhe inspirem sentimentos mais nobres.
E, para todas as traições, espero que os corações de quem as pratiquem
Se tornem menos duros e mais delicados
Como flores nascidas na seca.
E para os filhos que rejeitam o amor dos pais,
Espero que um leve perfume de sensatez
Grude em seus espíritos
Como seiva de alfazema para abrandar tal engano.
Aos que me amaram de verdade,
Digo somente que os amei e amo mais e mais.
Aos inimigos, o meu sorriso.
Ao falso amigo (a) as minhas condolências,
Porque amigos assim se matam eles próprios,
Suicidas das suas más intenções.
No mais, digo apenas que seguirei buscando o melhor nas pessoas
Sem filtros para as mentiras
Porque não os possuo.
Enfim, sigo tentando recompor a vida,
Ainda que a alma sangre
E singre de mim de vez em quando
Porque sei que ela sempre volta,
Remendada, é certo, a me apontar novos jardins
E novos caminhos a serem tocados.

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