sábado, 16 de janeiro de 2010

POEMINHA DA ALMA PERDIDA




Catei uns trapos e coloquei na pequena sacola plástica.
Lembrei dos barbitúricos e de alguns escritos...
Sempre só e sem destino, cai no mundo
E parei no primeiro botequim.
Já tive gosto refinado,
Roupas menos deselegantes
Amantes menos arrogantes
E vontades de ser algo além.
Tive sonhos e não foram poucos.
Escrevi coisas que me pareciam belas,
Mas sempre imperfeitas.
Faltando um algo mais.
Amei como quem ama pela última vez
E fui tão sincera neste amor
Que nem vi o tempo passando levando o que sequer havia.
Restou tão pouco.
Restou quase nada.
Uma falsa alegria...
Um falar que não diz nada
E a saudade desesperada
Quase tão louca quanto eu.
Aqui do boteco
Vejo o vaivém de gente
E até faço prospecções e traço projetos.
Sei que as realizações ficam no papel amarelado
Que rasgo antes de sair trôpega pelas ruas.
Roubaram meu chão
E não pude, como na música,
Ser ou ter o centro do espelho.
Agora me vejo espectro de qualquer coisa
Com necessidade de matar a sede
Sem triscar na água
De matar a fome
Sem saber que gosto as coisas têm.
Há um amargor em mim
Que parece não ter cura
Uma tristeza tão grande
Que não transborda
Apenas me entope
Para se fazer lembrar.
As lágrimas que pulam dos olhos
Não conseguem acalmar a dor
E a alma?
Esta, sei, PERDI.

16-jan-2009, às 12h30