domingo, 29 de junho de 2008

EU



Sou o trapo que te vestiu por anos

A santa que te alimentou

A louca que aceitou teu soco

A luz que guiou teus passos nas noites cegas

A escuridão que te empurrou para o abismo

A saudade que carregas embora finja esquecer.

Sou tudo que pude

E que não quis também

Fui mãe

Sou

Deixei de ser porque alguém não quis

E, agora, embalada por mim mesma

No apartamento novo que não me cabe

Sou apenas um objeto a preencher as falhas que deixei

e as que deixaram em mim.

Sou o salmo que você não leu

A mulher que nunca mais olhará teus olhos

ou fará orações pela tua alma miúda

Sou uma grande filha da puta

neste mundo com início. meio e, talvez, FIM.

Um comentário:

Leila Machado. disse...

Amei esse! *.*