segunda-feira, 25 de junho de 2007

DAS CERTEZAS

Foto: Agnieszka Degorsha (Polônia)

Foram tantas as minhas certezas
Que nem me permito pensar em engano
Estava tudo tão à mostra.
Todos os teus defeitos.
Todas as tuas mentiras.
Todas as tuas malditas mulheres do passado.
Mas de todas as certezas,
A última foi a pior delas.
O engano entre os cobertores.
Os sonhos que sonhaste de mãos dadas com sua amante esquelética
Ali, ao meu lado,
Correndo pela rua
Como crianças mortas.
E, depois, os dois
Perpetuados na nossa rede,
Entre cafunés e saudades de vossas infâncias,
Passando o estilete da maldade no meu coração
De menina ainda desprevenida.
Ainda, agora, os vejo
Crianças pálidas e mortas
A zombar da pequena infância que tive
E que vocês, sem dó, mancharam como quem derrama vinho na toalha branca
recém posta à mesa.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa! Fico pensando se isto aconteceu de fato. É horripilante.

Dante